O deus dos impichistas e o cuspe do deputado Jean Wyllys

Votação do impeachment

Caro amigo Augusto Lopes, Goiânia, GO

Peço desculpas por não escrever após a noite de trevas de 17 de abril. Problemas de saúde me impuseram limites para raciocinar e escrever. Agradeço às pessoas que me cobraram posicionamento e análise.

No final do dia e da noite de 17 de abril deste 2016 o Brasil inteiro e boa parte do mundo postaram-se à frente das TVS.

O espetáculo triste que comandou a audiência foi a discussão e votação do impeachment contra a Presidenta Dilma.

Muitos denominaram o show macabro de espetáculo da hipocrisia e até de insurreição dos hipócritas.

A hipocrisia e a heresia imperaram desastradamente.

O show de hipocrisia foi marcante nas vozes, alaridos, deboches e infâmias representadas pelos golpistas que votaram declarando amor à família, ao Brasil e aos dez milhões de desempregados.

Os golpistas, nenhum deles, se referiram ao Brasil, a proposta de saída para a crise, a projeto de nação, nada.

Declararam votos a filhos, esposas, netos, mães, pais etc, sem se referir às amantes.

Ao dedicarem votos aos filhos pensaram somente em vida boa para eles e nada para os filhos do povo, dos trabalhadores e dos pobres.

Ao mencionarem esposas não pensaram nas mulheres brasileiras trabalhadoras e guerreiras que buscam emancipação e empoderamento de direitos e de justiça social.

Ao se derramarem inadequadamente por seus netos externaram  longevidade e privilégios para brancos e mimados com as riquezas produzidas pela maioria, de quem cujos filhos são desprezados pelos hipócritas.

A dedicatória a mães e pais deles estampa o desejo de que a “cultura” dominante do que chamam de sobrenomes de família seja a marca do que querem para o Brasil, eminentemente seletiva com os pobres, que desejam fora dos direitos sociais.

Falaram em mudanças. Mas que mudanças eles querem? Ora, usam, como sempre, palavras de nosso universo para enganar a opinião pública.

Mudança para eles não é a mesma coisa que para os movimentos sociais. Para eles mudança é parar com esse negócio de direitos sociais, com Estado forte na defesa do robustecimento da soberania nacional e dos direitos sociais.

Mudança na boca dos hipócritas é entregar o pré sal para as multinacionais, é privatizar a Petrobras, é rebentar com os direitos dos trabalhadores, dos pobres, das mulheres, dos negros, dos indígenas,  é parar com as investigações dos corruptos, de que são alvo.

 Não fosse triste seria de rir quando disseram que votaram pelo golpe em nome dos dez milhões de desempregados.

Barbaridade! Quem busca concentração de renda, acabar com as conquistas sociais, aviltar a democracia com aumento da participação dos trabalhadores, quem vota em leis que transformam quem trabalha em terrorista sem direito a reivindicar, usa-os na hora de golpear a democracia.

Usar o povo, os pobres e os trabalhadores é histórico. A elite dá nome de povo, popular, social, democracia e de liberdade a muitos de seus partidos exatamente para iludir os eleitores.

O que aconteceu na noite de trevas de 17 foi exatamente isso: o tal de “em nome dos dez milhões de trabalhadores” foi aceno para seduzir o apoio desta classe oprimida para o golpe que pretendem dar contra os seus direitos.

O espetáculo de horror, intenso em histeria delirante de fanfarrões corruptos, salteadores e golpistas sujos, comandados pelo lacaio da Globo, dos bancos, do imperialismo e da direita, Eduardo Cunha, foi a mais estrondosa festa diabólica que o povo brasileiro assistiu, tudo irrigado com o seu dinheiro e banhado no seu suor.

Para culminar, o nazista Jair Bolsonaro, como parte do show e retrato do mais autêntico conteúdo do golpe, na sua noite mais indecente, proclamou homenagem a um dos seus mestres e inspiradores, o torturador e assassino Carlos Alberto Brilhante Ustra, também evangélico.

Bolsonaro afrontou a democracia, desrespeitou a história dos heróis e heroínas, pisou no sangue das vítimas de Ustra e do terror da ditadura assassina.

O bandido torturador costumava torturar suas vítimas com golpes de cipoal, de pauladas em lugares sensíveis, de dar choques elétricos de alta tensão,  elevadamente dolorosos, de estuprar e de mandar estuprar as presidiárias e de colocar ratos em suas vaginas.

Esse foi o homenageado por Bolsonaro, filiado do partido “social” “cristão”, dirigido por um pastor analfabeto da Assembleia de Deus. Aquele que na campanha eleitoral à presidência de 2014 falou em “estrupo” (quando o certo é estupro).

Outra nota reveladora de parte dos marginais da elite que votaram a favor do golpe naquela fatídica noite de 17 foram os tais “evangélicos” e os “católicos” da Renovação Carismática.

Além da ridícula saudação infantil aos filhos, esposas, netos e famílias, o fizeram em nome do deus deles.

Eduardo Cunha, o patife mor da República, como seus irmãos “evangélicos”, pediu a misericórdia do deus deles para esta nação.

É bom que se afirme que esses “crentes” não são genuinamente  evangélicos nem cristãos. Nem o deus deles guarda relação com o Deus de Jesus.

O deus a quem se referem é uma fantasmagoria inventada, sem história e sem relação com o Deus de Jesus de Nazaré e Palestino, absolutamente comprometido, enfiado e participante da vida do povo no processo de libertação das injustiças.

Essa divindade é a ideia projetada dos intestinos dos que usam as pessoas para enriquecimento com ofertas e dízimos tirados do povo, sob chantagem emocional e o terror de ameaças de castigos,  de fracassos financeiros e na saúde.

O deus dos impichistas é mesquinho ao ponto de reduzir suas graças e bênçãos somente aos redutos do que eles chamam de nação evangélica. Os de fora desse “santo” arraial são vítimas do demônio e de todas as desgraças, inclusive as climáticas.

Os “crentes” impichistas dividem o mundo entre os salvos (a salvação conceituada por eles, que necessariamente passas pelo bolso e pelas frequências dos shows de domingo a domingo nos templos e salões onde as pessoas são submetidas a violentas e renovadas lavagens cerebrais).

Os “salvos” participam de currais eleitorais onde os eleitores são obrigados a votar nos candidatos de direita que derramam – lavam – dinheiro em suas igrejas.

O deus desses rebanhos estilo manada é fundamentalista e de definição simplória.

A regra de seus adeptos é que seus seguidores sejam alienados sociais, abandonando este mundo aos cuidados do reino da direita e da elite, que os pastores chamam de servos do Senhor.

Pautam-se também pela ira contra os petistas, comunistas, socialistas e os defensores dos direitos humanos. Todos são nominados como não convertidos ao Senhor. Odeiam a noção de Estado laico.

Seu modelo política é o teocrático. Claro, o “teo” – deus em grego – deles governando a favor de seus interesses paupérrimos e de enriquecimento de suas igrejas, de seus donos e contra os pecadores que ousarem se levantar contra seus planos de dominação. O sistema almejado não admite participação do povo, que eles timbram como feito de pecadores e mundanos.

Por isso alguns distorceram o salmo a seu favor, aquele que reza “bendita a Nação cujo Deus é o Senhor”. Para eles esse deus é o deles, esta nação é a evangélica deles e o senhor, é o senhorio que gostariam de exercer sobre todos nós.

Outro dogma é o de que a orientação única válida sexual é a da relação  homem-mulher, que os impichistas crentes impõem, em nome do seu deus idiota e mesquinho, discriminando absolutamente qualquer diferente que integre a LGBT. São extrema e intolerantemente desrespeitosos ao que as outras pessoas pensam com referência ao seu bitolamento mental.

A retórica dos “crentes” impichistas é eivada de autoritarismo, de cegueira e de surdez. Não titubeiam em impor o que imaginam ser a verdade, sem diálogo. Não imaginam perceber a bondade nos outros que não sejam da mesma sua laia crentola, com seu deus feito à sua imagem e semelhança. Não ouvem e não enxergam os outros.

Alienados e impiedosos apregoam que os pobres e miseráveis o são porque são pecadores e ímpios aos olhos do deus deles. Nada fazem pelas transformações sociais. No máximo praticam algumas ações sociais com o único objetivo de “salvar” os pecadores.

A relação dos “crentes” impichistas com a direita golpista nacional e internacional é de enorme intimidade. Seguidamente passeiam pelos Estados Unidos pedindo dólares e levando informações para a CIA. Aqui são receptivos fraternos dos gringos, que usam suas greis para propaganda do império.

Outra característica é a de manterem vasos comunicantes com a direita mais maledicente e golpista. Os desejos e discursos são os mesmos. Tanto que as bancadas da bíblia, da bala, da bola, do boi e dos bancos se relacionam intimamente no Congresso Nacional e são paz e amor com a dita bancada evangélica. Por isso não estranha que ambos berrem por impeachment.  

Quanto a renovação carismática católica suas raízes são a TFP e a Pus Dei. Ambas com militância agudamente fascista e forte apoiadora do golpe. O deusinho é o mesmo. Rancoroso e pronto e derramar fogo sobre os pagãos e ímpios petistas, progressistas, socialistas e comunistas, bem como no tempo do nazismo na Alemanha governada por Hitler.

Depois que o deputado Jean Wyllys votou contra o golpe Jair Bolsonaro o ofendeu chamando-o de veado, de queima rosca, de boiola e de outros impropérios  de quebra do decoro parlamentar, não restou alternativa ao parlamentar do PSOL se não dirigir cusparada na direção do ofensor.

Penso que o cuspe de Jean é uma reação que representa a indignação do povo brasileiro ao terror e falta de respeito de Jair Bolsonaro que, aliás, é evangélico da igreja do neofacista Silas Malafaia.

A saliva de Jean Wyllys simbolizou a água benta da democracia contra a cara deslavada sob um crânio vazio, apenas pleno de ódio nazista em Jair Bolsonaro. Amém! Aleluia!

Portanto, o espetáculo do horror de 17 de abril será acolhido como escândalo provocado pela direita e seus braços de polvos amaldiçoados pelo deus da nação evangélica,  do reduto da TFP e da Opus Dei.

A partir desta direita tudo é pequeno e gira em torno dos umbigos malcheirosos dos golpistas. Até o deus deles é um lixo criado à sua imagem e semelhança para servir de respaldo para as sujeiras de seus seguidores.

  • Abraços críticos e fraternos na luta pela justiça e pela paz sociais.
  • Dom Orvandil, OSF: bispo cabano, farrapo e republicano, presidente da Ibrapaz, bispo da Dcioese Brasil Central e professor universitário, trabalhando duro sem explorar ninguém.

7 comentários

  1. Querido amigo Dom Orvandil Moreira Barbosa, em primeiro lugar, quero agradecer ao “nosso” DEUS, pela recuperação de sua saúde. Suas considerações aqui, foram muito esperadas. Felizmente elas chegaram, como uma radiografia fiel, da vergonha, do horror e do ridículo espetáculo grotesco, apresentado ao Brasil e ao mundo, pela Câmara dos Deputados.

    Observei “de lupa”, a foto que muito bem ilustra seu texto. Minhas “imagens plásticas”, logo provocaram-me: Vi os mesmos “MAUS ELEMENTOS”, na mesma foto, com roupas velhas, sujas e com chinelos de dedos, na primeira página de um jornal. A MANCHETE PRINCIPAL, NATURALMENTE FALAVA DE FAVELA..

    Minha imaginação seguiu provocando-me !
    Troquei a roupa dos briguentos :
    Os vesti com calças ou bermudas simples, de qualquer cor. Mas todos, SEM EXCEÇÃO, vestiam roupas vermelhas. Muitos com camisetas e bonés, também vermelhos… Outra edição do mesmo jornal.

    QUEM ARRISCA A MANCHETE?

    A LUPA SERVIU PARA MOSTRAR-ME, QUE NÃO HAVIA NENHUMA MULHER ALI, NAQUELE MOMENTO.

    E QUE TODOS OS IDIOTAS, VESTIAM TERNOS CAROS E ESCUROS…

    Yolanda Soares Azambuja – Uruguaiana – RS.

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  2. Boa noite prezado irmão, e o pior está por vir, com as togas pretas imobilizadas, o próximo passo da direita fascista e de retirar o voto popular, viva o cuspe bento, que feriu de morte o lúcifer malafaiano desmodus rotundus que suga o sangue do povo, dioturnamente, não podemos nos acovardar….!!!!!

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