A beleza dos frutos podres do golpe

Amiga Psiquiatra Cassia Loureiro, Maceió, Al

A sua amizade me honra e a lealdade social da amiga é prova de que trabalhar com a saúde do povo liberta do conservadorismo, que faz da medicina profissão da elite, das indústrias farmacêuticas, do comércio farmacológico, dos hospitais, clínicas e consultórios luxuosos buscados por privilegiados.

O Evangelho de Lucas incorpora em seu texto um ditado popular circulante na sua comunidade e na tradição palestina. Da boca do Jesus por ele configurado nasceram as palavras plenamente entendidas pelo povo: “Não existe árvore boa que dê frutos ruins, nem árvore ruim que dê frutos bons; porque toda a árvore é conhecida pelos seus frutos. Não se colhem figos de espinheiros, nem se apanham uvas de plantas espinhosas. O homem bom tira coisas boas do bom tesouro, mas o homem mau tira do seu mal coisas más, porque a boca fala daquilo que o coração está cheio” (6, 43 – 45).

Vivemos hoje no Brasil sob um terrível espinheiro que derruba sobre nós seus frutos maus e podres.

Em todas as partes, nas famílias, nas igrejas, no transporte coletivo, em salas de aula, nos parlamentos, no judiciário etc os frutos mal cheirosos e espinhentos envenenam o ar, sem que muitas pessoas entendam o que são e de onde exatamente procedem.

Pelo contrário, a podridão e os espinhos expelidos pelo espinheiro gigante são tomados por muitos e jogados nas caras de pessoas e de seus relacionamentos, produzindo desentendimento e conflitos de bases falsas.

Os frutos maus e podres em forma do golpe de Estado, que se encaminha, tomaram forma na Câmara dos Deputados e começaram a aparecer na cara do povo brasileiro.

Porém, suas raízes vêm de longe e são anteriores aos espinheiros Cunha e Temer. Surgem no terreno da mídia, da oposição suja, neoliberal, entreguista e máscara da elite racista, homofóbica, excludente e rica porque concentradora de riquezas e de renda.

Bobas são as pessoas que se deixam alimentar pelos frutos podres e maus, cuja procedência não pode oferecer nada de bom.

Bobos são os igrejeiros que entulham os balaios de seus rebanhos manadas com os frutos podres dos espinheiros.

Ontem à noite, enquanto me transportava de ônibus, ouvi de uma crente, que se dirigia a um culto da igreja dela,  barbaridades em forma de mentiras e calúnias contra democratas sinceros e honestos. Eram mentiras ditas com ar de sabedoria.  O mal estar que ela me causou me levou a interpelá-la solicitando que fosse a uma delegacia de polícia com as provas da desonestidade contra as pessoas que caluniava. Disse-lhe que ela ou ia comigo ou eu a interpelaria na justiça por calúnia e difamação. Sua reação covarde foi a de se afundar no assento, amarelada de medo, sem voz e sem reação. Todos no ônibus se calaram assustados, porque ninguém tem argumentos senão mentiras dos frutos podres dos espinheiros que tumultuam o Brasil.

A dimensão  bela disso tudo se assemelha a quando em casa sentimos que uma fruta é ruim ou podre a deslocamos para o lixo e livramos as saudáveis dos estragos e da podridão.

A arte desta crise leva multidões a se dar conta das origens e da natureza dos frutos ruins e podres dos espinheiros golpistas. A última pesquisa revela que 95% do povo brasileiro não aceita Temer e sua política predatória aos interesses nacionais e populares.

As condições amadurecem a situação revolucionária, que poderá varrer definitivamente os frutos ruins e podres. Melhor, arrancando suas raízes e as jogando no inferno juntamente com os espinheiros.  Nos próximos dias esse movimento será decisivo.

As críticas aos erros do governo Dilma não impedem de lutar pela soberania nacional e pela democracia que os espinheiros ameaçam.

A crise pode funcionar como a enxada que limpa canteiros e campos para arrancar os espinheiros e queimar seus frutos ruins, que espinham a justiça social  e ferem a democracia.

  • Abraços críticos e fraternos na luta pela justiça e pela paz sociais.
  • Dom Orvandil, OSF: bispo cabano, farrapo e republicano, presidente da Ibrapaz, bispo da Diocese Brasil Central e professor universitário, trabalhando duro sem explorar ninguém.

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