imagem Filósofa Viviane Mosé: “A voz das ruas não é a voz das urnas”

FILOSOFIA-SOCRATES

Querida Filósofa e Professora Maria Dario

Sua presença neste blog me fascina e encanta, querida Professora e blogueira.

Pela importância de sua missão docente e da luta que desempenha na mídia online a amiga reforça a missão profética de denunciar as nuvens pesadas sobre nossa conjuntura nacional, impostas pelo golpismo dominante na economia capitalista dependente e na política de balcão, inalcançadas pela falta de reformas que resgatem a cidadania e o protagonismo do povo.

Nossa tarefa de denunciar com responsabilidade, com base nos esforços para analisar humildemente com a contribuição da pesquisa, do estudo e da racionalidade que alimenta a consciência, é exigência ética.

Da análise ética emerge a compreensão do que se vive hoje, numa conjuntura das mais nebulosas, sofridas e exigentes. Além da compreensão clara dos problemas, a postura de quem busca analisar para criticar, é fundamental  encontrar a verdade e a justiça social para solucionar as causas dos problemas.

Contraditória à postura rigorosa e honesta vê-se grunhidos e agressões por parte de pessoas que se perderam na sua formação, nos compromissos que fizeram durante a vida e no vazio de racionalidade.

Espanta que professores/as, pastores/as, padres, bispos, líderes comunitários, sindicalistas, estudantes etc, pessoas, nada orientadas pelo bom senso, se comportem de modo tão superficial, insensíveis ao diálogo e ao respeito, tão obcecadas com os detritos derramados da mídia dos assaltantes sujos, que nunca se moveram pelo interesse com as causas populares.

Ontem conversei com duas amigas estarrecidas com tanta barbaridade que corre pela sociedade, com o despejo do ódio pela boca de pessoas amadas por elas.

Uma foi a minha amiga Psiquiatra Márcia Tigani, de São Paula e a outra uma amiga gaúcha (não citarei seu nome para preservá-la). As duas estarrecidas com o desprezo que sofrem de amigos/as queridos/as e de familiares, que as excluíram de seus grupos de amizade nas redes sociais e cortaram relações. Tais pessoas passaram a latir como os fascistas no seu moralismo histórico e aparentemente irado com a corrupção, que eles mesmos criam e dela vivem.

O clima irracional de turvamento da verdade e do respeito não acontece pela primeira vez na humanidade.

O Filósofo Sócrates foi execrado nas ruas de Atenas graças ao julgamento mentiroso e injurioso do qual foi vítima.

Há 2400 anos, na Grécia, o filósofo foi condenado a morrer envenenado por cicuta. Perante um tribunal popular espúrio, Sócrates foi acusado pelo poeta Meleto, pelo rico curtidor de peles, influente orador e político Anitos e por Licão, personagens de importância irrelevantes. A peça judicial que montaram, imersa em vulgaridades e falta de provas verificáveis, serviu para acusar o pai da maiêutica de crimes graves: não reconhecer os deuses do Estado, introduzir novas divindades e corromper a juventude.

Os juízes que emitiram o veredito da pena de morte divididos esperavam clemência do sábio. Seguro da verdade, Sócrates não apelou da sentença nem se penitenciou.

Pesquisadores mencionam que muitos dos juízes que condenaram injustamente o filósofo enlouqueceram de culpa e outros se suicidaram. Todos esquecidos e abominados pela história.

Assim foi com Jesus na Palestina nos inícios de nossa era. A serviço do império romano opressor homens tidos como santos – os fariseus, sacerdotes e até um discípulo do Mestre – assistiram à frente dos palácios dos governadores Herodes e Pilatos a destruição das carnes e sonhos do caminhante salvador do povo. A cruz serviu de palco diante do qual os mentirosos uivaram de ódio ao vê-lo gritando de dor ao clamar “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” Este refrão já saíra das bocas dos escravos oprimidos do Egito, agora em forma do abandono que Jesus sofreu. Antes, e como justificativa da condenação do justo, o povo, dois milênios antes da mídia de propriedade de bandidos e criminosos, como a do Brasil de hoje, os fariseus e funcionários do Estado terrorista, se imiscuíram no meio do povo concitando-o a gritar “crucifica-o, crucifica-o”, preferindo Barrabás a Jesus.

A fila dos injustiçados e mortos inocentemente, por amar causas que os remetiam sempre à defesa do povo e dos injustiçados, não tem fim. Basta nos lembrarmos do que aconteceu a Zumbi, Tiradentes, Che Guevara, José Martí, Simon Bolívar e daí vai. Em todos os casos o povo foi envolvido sem racionalidade para ajudar a incriminar.

Porém, felizmente, nem todos/as são rabeiras da destruição da verdade e da justiça para os justos. Nem todos abrem mãos da independência, da emancipação da consciência, erguidas acima da borrasca dos insanos e mentirosos.

Arrolo a Filósofa (com “F” maiúsculo) Viviane Mosé na lista das emancipadas e livres dos rejeitos que jorram das barragens rompidas dos falaciosos de porte. Sugiro que se ouça várias vez clicando aqui o que diz Viviane pela rádio CBN. Que a ouçamos para captarmos a fórmula filosófica de entendimento das partes que integram o todo dessa conjuntura agitada e conflitiva em que vivemos, muito semelhante à ante sala da guerra civil, cadafalso do assassinato dos inocentes.

Viviane Mosé, a amiga Maria Dario, milhares de meus leitores e eu jamais mataríamos Sócrates, crucificaríamos Jesus e enforcaríamos Tiradentes.

Essa postura é que ajudará a encontrar a saída, talvez antes que seja tarde demais!

Os que jogam pedras, mentem e odeiam jamais serão estudados na história como exemplos. Serão vistos como covardes, insanos, preguiçosos e escória da humanidade!

Que bom que caminho do lado certo!

• Abraços críticos e fraternos na luta pela justiça e pela paz sociais.
• Dom Orvandil, OSF: bispo cabano, farrapo e republicano, presidente da Ibrapaz, bispo da Diocese Brasil Central e professor universitário, trabalhando duro sem explorar ninguém.

Comente, participe e debata.