Numa das vezes em que fui preso em Santa Maria no Rio Grande do Sul, em 1980, porque participava das lutas do povo, os policiais foram absolutamente violentos e desrespeitosos comigo. Um deles, que me acompanhou à polícia federal no carro que eu dirigia, me ofendeu o tempo inteiro me jurando morte, caso fosse condenado pela lei da segurança nacional da ditadura e preso nas suas masmorras.
Muitos anos após esse evento, já em contexto democrático, um grande e querido amigo meu de Caxias do Sul foi algemado na frente de sua família e amigos porque “ousou” questionar a abordagem de policiais, marcada por desrespeito e agressividade.
Outro dia fiz uma palestra sobre os direitos humanos numa faculdade aqui de Goiânia quando fui interrompido por dois policiais estudantes de direito, rancorosos contra a defesa que fazemos dos pobres e negros, que eles acusam de serem vagabundos, bandidos e marginais. Um deles apresentava-se com mais ódio e desequilíbrio do que o outro.
Fui convidado a participar de um grupo no what’s app denominado de “Comando Florestal 2”. Recebi o convite de um pastor que dizia integrar uma ONG que defende as florestas e habitantes amazônicos. Por isso quis debater a violência policial. Em pouco tempo impactei-me com o ódio de membros do grupo que demonstraram ser parte de uma milícia paramilitar, composta por policiais. O discurso deles é o mesmo dos criminosos que ocupam cargos de policiais nas forças de segurança do Estado, chegando a afirmar que “bandido bom é bandido morto”. Chegaram a discursar e aconselhar seus membros a matar assaltantes e suspeitos. Quando os questionei sobre a arrogância policial, sempre pronta a julgamentos sem juiz e dispostos a praticar a pena de morte, ilegal no País, me disseram que aconselham a matar logo porque a justiça é muito demorada. Caso algum membro do ministério público se interessar em investigar o grupo tenho aqui os números dos telefones de sua milícia.
Todos os dias se vê nas ruas policias de pistolas e fuzis apontados para pobres e negros, principalmente trabalhadores que usam motos e o transporte coletivo. Isso em todo o País. Todos os dias as notícias somam toneladas de sangue dos assassinados por policiais.
A ONU declarou-se estarrecida com a polícia brasileira, a mais violenta do mundo.
Efetivamente que uma sociedade precisa de policiais e de segurança. Mas precisamos depurar nosso sistema policial e nossa segurança, ainda armados com a ideologia, o ódio e os aparatos da ditadura, que para eles ainda não acabou. Para essa ideologia os pobres, os negros, os estudantes, os indígenas, os trabalhadores e os movimentos sociais são inimigos internos a serem enfrentados pela força bruta das armas.
Entre os avançamos que nossa sociedade precisa fazer está o de reformar o sistema policial. Esse violento que aí está não serve ao povo nem à democracia.
É evidente que a polícia não se reformará por pura boa vontade a partir dela mesma. Da mesma forma que a ditadura militar não caiu por vontade dos militares golpistas, a reforma, com base nos direitos humanos e nos interesses sociais, tem que emergir da sociedade democrática em busca de justiça social.
• Abraços críticos e fraternos na luta pela justiça e pela paz sociais.
• Dom Orvandil, OSF: editor deste blog, idealizador e presidente da Ibrapaz, bispo da diocese Brasil Central e professor universitário.
Querido Amigo Dom Orvandil Moreira Barbosa, confesso-lhe que relutei, por muitos dias em comentar seu texto sobre a ” Violência da Polícia”. Em primeiro lugar, por chocar-me, cada vez que tomo conhecimento do preço que pagou, por defender seu Ideal.
Em segundo lugar porque, mantendo as devidas proporções, por muitos anos, sofri violência e desamparo por parte da Polícia Civil; da Brigada Militar; da Promotoria; da Prefeitura Municipal; da Câmara de Vereadores.etc.
Todo esse constrangimento sofrido, refletia no comportamento agressivo da comunidade, porque os Poderes Constituídos sinalizavam que não concordavam com meus pensamentos e com o meu trabalho.
O amigo acompanhou desde o início das atividades da Escolinha, uma vez que participou da Solenidade Ecumênica de sua fundação em 1973. Quando transferimos nossa Entidade, para a Sede Própria, o ambiente era tranquilo. A criação de um Porto Seco, quase ao lado da escola, deu início ao nosso martírio. Enfrentamos o preconceito dos alunos da área central da cidade. A corrida para as “invasões” nos campos próximos, fez com que em poucos dias eram centenas de novos moradores. Acompanhei dia à dia, a derrocada das famílias. Mãe entregando filhas pra caminhoneiros; meninas disputando caminhoneiros com prostitutas.Mães e filhas na mesma atividade. Homens comprando meninas de 8 anos, por R$ 50.00. (mães vendendo filhas de 8 anos).
Comecei a bater de frente com toda essa gente. Antes eu era “a professora que resolvia quase todos os problemas, dos moradores”. Passei a ser “a velha louca, idiota, débil mental”. Muitas noites, não consegui dormir, devido aos apedrejamentos. Nossas aulas eram invadidas. As meninas eram estimuladas à prostituição. As que continuavam na Escola, era ridicularizadas.
EDUCAÇÃO É À LONGO PRAZO. A prostituição traz o retorno financeiro imediato. Aí estava o nosso maior problema. Procurava “autoridades” e nada conseguia. Quando eu telefonava para a Brigada ou para Polícia, sempre perguntavam, de forma irônica: – ” O que é agora, professora Yolanda?
E nada faziam. Enfrentei algumas jovens Promotoras. Certa vez, protocolei um documento na Câmara de Vereadores, onde constava que um determinado pai, era “bêbado, mau caráter e mau exemplo pra seus filhos”.
Um Vereador, que chegou a ser Presidente da Câmara, retirou do protocolo o documento, e deu ao “pai”, uma cópia, estimulando-o a entrar na Justiça, contra mim. Enfrentei “Cinco Processos, na Justiça”. Todos estimulados por “autoridades”. Empobreci financeiramente, pagando Advogados para defender-me. MAS, ENRIQUECI EM EXPERIÊNCIA, EM CORAGEM, EM DISCERNIMENTO. APRENDI OS CAMINHOS QUE LEVARAM-ME A DEFENDER-ME.
Numa ocasião, munida de farta documentação rumei para Porto Alegre, registrando denúncia: Nos Conselhos Estaduais: da Criança, da Mulher, do Idoso. Na Ouvidoria da República. Nas Corregedorias: da Brigada e da Promotoria. Retornando à Uruguaiana, fiz um Relatório por onde andei, e protocolei o mesmo em todas as Repartições denunciadas.
A única repartição que reagiu , foi a Promotoria. Imediatamente “intimou-me” para no dia seguinte, prestar esclarecimento. O PROMOTOR DA INFÂNCIA E DA ADOLESCÊNCIA, na época, encerrou-me à chave na sua sala, e de denunciante, passei à ré. À tudo que eu argumentava, para ele, era “natural”.
Ex: crianças estimuladas a roubarem; a comercializarem a droga; etc.
Quando falei das crianças na prostituição, o “infeliz Promotor, aproximou-se bem de mim. Olhando bem nos meus olhos, disse-me, textualmente: ” Ora professora, que não sabe que a cidade está cheia de meninas “violadas”, A cidade não. O Estado. O País. O Mundo!
Tudo era normal. Passei adiante: ao roubo e destruição das coisas que “eu” estava construindo e que era de pronto destruído. Aí ele deu-me a estocada final, dizendo-me: – ” Quem me garante que não foi a senhora que mandou destruir isso. (com a foto da destruição na mão).
Fez tudo para que eu perdesse a paciência, para poder enquadrar-me. ( Em mais de trinta anos de magistério, nunca perdi a paciência com um mau aluno, não seria com uma “autoridade, tão respaldada, QUE EU PERDERIA A MINHA PACIÊNCIA E A MINHA RAZÃO!
Então disse-lhe: desculpe-me Senhor Promotor, creio que falamos linguagem diferente.
Disse-me: “Creio que sim. Quando a Senhora tiver alguma coisa mais convincente, volte aqui”. e saiu, deixando-me, engasgada na garganta, a tristeza de ver, alguém que era pago, pra defender crianças, agindo daquela,triste forma. Deixei passar cinco meses. Numa manhã levantei-me, fiz uma descrição desse “encontro”. Reconheci a firma. Enviei à Presidência da República e ao Ministério da Justiça e Segurança, em Brasilia. Com as devidas cópias autenticadas, voltei aos Conselhos Estaduais, e direto à Corregedoria. Sozinha, sem acompanhamento de Advogado nenhum. Tenho toda a documentação, bordada de carimbos. Senti que lavei minha alma.Desculpe-me amado amigo Dom Orvandil, por não saber sintetizar e alongar-me tanto. Um grande abraço.
[…] anterior trato do problema da insegurança que setores policiais impõem ao nosso povo (acessa aqui), parece-me comprovado com o lamentável caso que te […]
[…] anterior trato do problema da insegurança que setores policiais impõem ao nosso povo (acessa aqui), parece-me comprovado com o lamentável caso que te […]
Querido Amigo Dom Orvandil Moreira Barbosa, confesso-lhe que relutei, por muitos dias em comentar seu texto sobre a ” Violência da Polícia”. Em primeiro lugar, por chocar-me, cada vez que tomo conhecimento do preço que pagou, por defender seu Ideal.
Em segundo lugar porque, mantendo as devidas proporções, por muitos anos, sofri violência e desamparo por parte da Polícia Civil; da Brigada Militar; da Promotoria; da Prefeitura Municipal; da Câmara de Vereadores.etc.
Todo esse constrangimento sofrido, refletia no comportamento agressivo da comunidade, porque os Poderes Constituídos sinalizavam que não concordavam com meus pensamentos e com o meu trabalho.
O amigo acompanhou desde o início das atividades da Escolinha, uma vez que participou da Solenidade Ecumênica de sua fundação em 1973. Quando transferimos nossa Entidade, para a Sede Própria, o ambiente era tranquilo. A criação de um Porto Seco, quase ao lado da escola, deu início ao nosso martírio. Enfrentamos o preconceito dos alunos da área central da cidade. A corrida para as “invasões” nos campos próximos, fez com que em poucos dias eram centenas de novos moradores. Acompanhei dia à dia, a derrocada das famílias. Mãe entregando filhas pra caminhoneiros; meninas disputando caminhoneiros com prostitutas.Mães e filhas na mesma atividade. Homens comprando meninas de 8 anos, por R$ 50.00. (mães vendendo filhas de 8 anos).
Comecei a bater de frente com toda essa gente. Antes eu era “a professora que resolvia quase todos os problemas, dos moradores”. Passei a ser “a velha louca, idiota, débil mental”. Muitas noites, não consegui dormir, devido aos apedrejamentos. Nossas aulas eram invadidas. As meninas eram estimuladas à prostituição. As que continuavam na Escola, era ridicularizadas.
EDUCAÇÃO É À LONGO PRAZO. A prostituição traz o retorno financeiro imediato. Aí estava o nosso maior problema. Procurava “autoridades” e nada conseguia. Quando eu telefonava para a Brigada ou para Polícia, sempre perguntavam, de forma irônica: – ” O que é agora, professora Yolanda?
E nada faziam. Enfrentei algumas jovens Promotoras. Certa vez, protocolei um documento na Câmara de Vereadores, onde constava que um determinado pai, era “bêbado, mau caráter e mau exemplo pra seus filhos”.
Um Vereador, que chegou a ser Presidente da Câmara, retirou do protocolo o documento, e deu ao “pai”, uma cópia, estimulando-o a entrar na Justiça, contra mim. Enfrentei “Cinco Processos, na Justiça”. Todos estimulados por “autoridades”. Empobreci financeiramente, pagando Advogados para defender-me. MAS, ENRIQUECI EM EXPERIÊNCIA, EM CORAGEM, EM DISCERNIMENTO. APRENDI OS CAMINHOS QUE LEVARAM-ME A DEFENDER-ME.
Numa ocasião, munida de farta documentação rumei para Porto Alegre, registrando denúncia: Nos Conselhos Estaduais: da Criança, da Mulher, do Idoso. Na Ouvidoria da República. Nas Corregedorias: da Brigada e da Promotoria. Retornando à Uruguaiana, fiz um Relatório por onde andei, e protocolei o mesmo em todas as Repartições denunciadas.
A única repartição que reagiu , foi a Promotoria. Imediatamente “intimou-me” para no dia seguinte, prestar esclarecimento. O PROMOTOR DA INFÂNCIA E DA ADOLESCÊNCIA, na época, encerrou-me à chave na sua sala, e de denunciante, passei à ré. À tudo que eu argumentava, para ele, era “natural”.
Ex: crianças estimuladas a roubarem; a comercializarem a droga; etc.
Quando falei das crianças na prostituição, o “infeliz Promotor, aproximou-se bem de mim. Olhando bem nos meus olhos, disse-me, textualmente: ” Ora professora, que não sabe que a cidade está cheia de meninas “violadas”, A cidade não. O Estado. O País. O Mundo!
Tudo era normal. Passei adiante: ao roubo e destruição das coisas que “eu” estava construindo e que era de pronto destruído. Aí ele deu-me a estocada final, dizendo-me: – ” Quem me garante que não foi a senhora que mandou destruir isso. (com a foto da destruição na mão).
Fez tudo para que eu perdesse a paciência, para poder enquadrar-me. ( Em mais de trinta anos de magistério, nunca perdi a paciência com um mau aluno, não seria com uma “autoridade, tão respaldada, QUE EU PERDERIA A MINHA PACIÊNCIA E A MINHA RAZÃO!
Então disse-lhe: desculpe-me Senhor Promotor, creio que falamos linguagem diferente.
Disse-me: “Creio que sim. Quando a Senhora tiver alguma coisa mais convincente, volte aqui”. e saiu, deixando-me, engasgada na garganta, a tristeza de ver, alguém que era pago, pra defender crianças, agindo daquela,triste forma. Deixei passar cinco meses. Numa manhã levantei-me, fiz uma descrição desse “encontro”. Reconheci a firma. Enviei à Presidência da República e ao Ministério da Justiça e Segurança, em Brasilia. Com as devidas cópias autenticadas, voltei aos Conselhos Estaduais, e direto à Corregedoria. Sozinha, sem acompanhamento de Advogado nenhum. Tenho toda a documentação, bordada de carimbos. Senti que lavei minha alma.Desculpe-me amado amigo Dom Orvandil, por não saber sintetizar e alongar-me tanto. Um grande abraço.
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