Michel Temer e o enforcamento de um traidor

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Amiga Cristina M. Saragoça, Lisboa, Portugal

Aqui no Brasil os golpistas – homens e mulheres que utilizam conceitos torcidos e mentiras veiculadas repetidamente como ferramenta com o objetivo de destruir a democracia –  se movimentam entre ladrões e traidores.

Judas Iscariotes é figura conhecida e sempre lembrada no cristianismo e na religiosidade popular. Em ambas o discípulo que traiu Jesus é muito mal visto e simboliza a atitude das pessoas que traem seus amigos e amores.

O teólogo protestante alemão Oscar Cullmann pronunciou na Sorbonne, em 1969, sua famosa conferência “Jesus e os revolucionários de seu tempo”, que virou livro traduzido no Brasil e editado pela Vozes em 1972.

Cullmann busca compreender as decepções de Judas com Jesus. Como revolucionário que aspirava derrubar o império romano, que massacrava os povos palestinos, Judas entendia que a proposta de amor e de perdão de Jesus era muito melosa e conciliadora, dando folga ao lombo do opressor.

O teólogo alemão entendeu que essa decepção era puramente humana e perdoável. Afinal de contas, Judas passou a seguir Jesus supondo que seu projeto de um reino de justiça implicava em destruir pela força os injustos.

Decepção com um projeto com o qual não se concorda é aceitável.

O problema da traição de Judas é que o zelote errou motivado pelo roubo de dinheiro da comunidade dos discípulos e por corruptamente vender Jesus aos piores bandidos e ladrões de Israel e de Roma. Em virtude desses dois erros Jesus foi assassinado inocentemente, embora julgado e difamado coercitivamente com a colaboração do traidor, em quem o mestre confiou.

No Brasil hoje temos um Judas da pior espécie.

Pior espécie porque Michel Temer trai a chapa eleita com apoio de seus partidários, que endossam com ele a traição.

Conforme a Constituição, no seu artigo 79, o Vice-Presidente da República substituirá o Presidente, no caso de impedimento, e suceder-lhe-á, no de vaga. No parágrafo único: o Vice-Presidente da República, além de outras atribuições que lhe forem conferidas por lei complementar, auxiliará o Presidente, sempre que por ele convocado para missões especiais.

Como Vice-Presidente coube sempre a Michel Temer auxiliar a Presidenta Dilma.

Todo o Brasil sabe, menos os analfabetos políticos e fascistas que nem querem saber de nada, que Temer se orienta desde sempre pela ideologia neoliberal, aquela que define o Estado mínimo para os pobres e trabalhadores e mercado máximo abocanhando o poder público para os interesses da plutocracia dominante e corrupta, desde 1500.

Michel Temer sempre respirou melhor nos ambientes politica e economicamente conservadores e bafejados pela direita corrupta e mamadora nas tetas do Estado.

Michel Temer nunca se sentiu bem no encontro com o olhar dos pobres e nas mobilizações dos trabalhadores por mais direitos e justiça social.

Nunca se soube que o Vice-Presidente se reunisse com centrais sindicais para ouvir reinvindicações e sentir as pressões do universo do trabalho.

Ah, com empresários, seus amigos da FIESP golpista e patrocinadora dos fascistas de São Paulo, Temer sempre se reuniu.

As notícias sobre a agenda de Michel Temer indicam o auxiliar da Presidenta Dilma, na verdade, desde a primeira hora do segundo mandato comunga com ladrões, bandidos, assaltantes dos cofres públicos, corrupto de alta plumagem, todos investigados e processados pela justiça, ressalte-se na primeira linha seu amigo Eduardo Cunha, reconhecido mentiroso, ladrão e apodrecedor mor da República, em flagrante corrupção do parágrafo único do mencionado artigo constitucional.

No lugar de auxiliar da Presidenta o vice traidor se tornou auxiliar do golpe.

Os indícios de que Michel Temer sempre foi traidor da Presidenta Dilma e do seu governo são gritantes e vergonhosos.

Temer deixou de ser Vice-Presidente Constitucional da República para ser comandante e mandalete do golpe mais sujo da história do Brasil.

Em vez de fortalecer o mandato como auxiliar da Presidenta o atual Vice não parou um momento de conspirar com a faca de Judas nas mãos para espetar o coração da própria democracia.

Quem são nominalmente as companhias do traidor mor da República? Aécio Neves, corrupto citado por delatores como ladrão do dinheiro público. José Serra, truculento, mentiroso, velhaco identificado como ladrão no caso dos trens e metrôs de São Paulo. Eduardo Cunha, famosíssimo e desonrado presidente da Câmara dos Deputados, amigo de Silas Malafaia, Marcos Feliciano, do nazista Jair Bolsonaro e  companheiro de partido de Temer. Gilmar Mendes, bandido de Diamantino no Mato Grosso, golpista e mau caráter inimigo da democracia. A lista das companhias do traidor é imensa e todos os seus componentes consolidam o ditado da sabedoria popular: “dize-me com quem andas e dir-te-ei que és”.

A diferença entre Judas Iscariotes e Michel Temer é que, de certa forma, o ex discípulo de Jesus era muito melhor e mais santo do que o crápula traidor brasileiro.

Judas teve o mérito de sofrer poderoso ataque de consciência e de se suicidar, entrando na história como padroeiro dos traidores.

Michel Temer certamente, como ser humano, sofrerá muitos dramas de consciência, conseguindo ou não o golpe com interesse mesquinho de ser Presidente espúrio, odiado pela Nação.  Mas seu ingresso na história será pela desonra de ser traidor enforcado por sua própria falta de ética, que morrerá em vida para ser visto no futuro como o vice que atentou traiçoeiramente contra as bases da democracia.

O traidor do Planalto será lembrado como o chefe do golpe, comandado por quem virou as costas para as bases sociais, para a democracia e para a justiça social.

Lenda ou verdade, Judas se enforcou numa árvore tendo a seus pés trinta moedas ganhas com a venda do sangue do justo.

Temer morrerá enforcado nas vigas podres, malcheirosas e golpistas de seu malfadado projeto “Uma ponte para o futuro”, no dizer do combativo senador  Lindbergh Farias, um verdadeira ponte para o passado neoliberal e destrutivo dos avanços conquistados pelo Estado brasileiro.

O cadáver de Judas desapareceu sem mal cheirar, o de Michel Temer infestará – já infesta – os céus do Brasil enquanto o traidor se esforça para entregar nas bandejas dos bandidos o sangue de milhões de brasileiros desempregados, doentes e mortos prematuramente, esmagados pela ponte do esgoto da casa grande, por onde transita manco o atual Vice- Presidente.

O traidor, de tão contraditório e putrefato, comanda a debandada dos ministros e dos mafiosos ocupantes de cargos de confiança, permanece na Vice-Presidência, quando dela deveria renunciar, caso fosse determinado por um mínimo de decência.

Como todos os traidores, Temer rebaixa os valores mais caros à civilização e ao Brasil e obscenamente mergulha no porão onde se juntam os facínoras e os egoístas para armar o golpe.

Uma das marcas dos traidores é a trilha do caminho silencioso da traição até culminar ao bote final no momento em que mais a Presidenta, a democracia o Brasil precisam do apoio e da solidariedade de todos/as.

Os traidores como Michel Temer não agem com os outros como eixo de atenção e de justificativa da vida, mas a si mesmos como centro do mundo e das mágoas.

O destino de sujeitos de rasteiras é o de  sofrer o mesmo de seus próprios comparsas e de serem anulados pela história e esquecidos pelo povo.

Saudade da honradez, lealdade e compromisso patriótico do bom burguês José de Alencar, que nunca cumpliciou com os traidores.

  • Abraços críticos e fraternos na luta pela justiça e pela paz sociais.
  • Dom Orvandil, OSF: bispo cabano, farrapo e republicano, presidente da Ibrapaz, bispo da Diocese Brasil Central e professor universitário, trabalhando duro sem explorar ninguém.

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