Gilmar Mendes e William Bonner são exemplos de desonestidade

Prezado amigo Juan Carlos, Montevidéu, Uruguai

Abraço-te com carinho de quem sorve com gosto o chimarrão da amizade. Alcança-me uma cuia com teu mate que te passo uma com meu chimarrão, mi bueno hermano. Desta forma celebramos a amizade latina americana!

Nossos dias são dolorosamente coloridos com as cores exangues da desonestidade.

Ontem, num estudo analítico de nossa conjuntura, debatemos sobre o florescimento explosivo de pessoas que berram furiosas e ofensivas, sem a menor noção de respeito e de consideração pelos vários e significativos saberes ativos e presentes em nossa sociedade.

Uma pergunta que norteou nossa reflexão foi a de onde repentinamente saíram tantos fanáticos fascistas, intrinsicamente desonestos.

No tom agressivo e no vocabulário descontrolados percebe-se imensa e assustadora desconexão com a honestidade e, portanto, com a verdade.

Outro dia visitava em sua residência uma pessoa cirurgiada quando apareceu na sala o seu filho vomitando mentiras e desconexões despejadas pela mídia, este verdadeiro laboratório do fascismo desonesto. Avisei-lhe que visitava uma pessoa convalescente. Pedi respeito ou do contrário iria embora sem completar meu ato de solidariedade.

As mentiras e grosserias que as pessoas dizem e as atitudes desqualificadas que assumem recheiam-se de desonestidade. Desonestidade intelectual e moral.

Não custa recordar o que é honestidade. Os dicionários são unânimes em defini-la como decoro, modéstia, pudor; honradez, probidade.

A tradição da honestidade conceitua-a como valor que nasce fora do indivíduo e atua imperante em suas palavras e atitudes. As pessoas honestas precisam estudar, aliar-se a outras que a construam coletivamente para, com robustez, moldarem suas vidas no caminho da retidão ética e moral vivendo relações sadias.

Uma pessoa sozinha ou com sua família diante de um aparelho de TV, ou de rádio ou mesmo com uma revista nas mãos ou ainda navegando pela internet não tem a menor condição de construir conhecimento sólido e válido da realidade.

Quem solitariamente absorve o que é despejado por esses meios corre o risco de se bestializar com suas mentiras criminosas ou de imbecilizar clamorosamente.

Portanto, o fascismo é inoculado nas mentes e atitudes das pessoas por dois meios, destruindo suas capacidades racionais e humanas, forçando-as necessariamente a serem desonestas: 1. Pela ignorância que as afunda no individualismo. 2. Pelas más companhias, principalmente pelas dominadoras e manipuladoras que arrebatam as emoções das mais frágeis e superficiais intelectualmente.

A falta de conhecimento torna as pessoas arrogantes, individualistas e violentas, confirmando o que ensinava Confúcio: “Os doutos e os ignorantes são igualmente arrogantes”.

Rasas pela desinformação as pessoas embarcam nas canoas furadas dos mentirosos satânicos da mídia e, num sistema de defesa, atacam sem saber o que dizer e sem condições de ouvir e entender as outras pessoas.

Foi assim na Alemanha dominada pelo nazismo e na Itália pelo fascismo. Em ambos os povos o nazismo e o fascismo – irmãos siameses da estupidez humana – funcionaram como tempestades arrasadoras das consciências da população. Os danos somente foram percebidos depois de finda a guerra, deixando milhares de cadáveres e com ambas as civilizações destruídas, com feridas doloridas até hoje.

As pessoas que não leem, não estudam e não frequentam ambientes cultivadores não aprendem as lições da história. São desonestas e nisso o conceito não perdoa. As pessoas são ou não são honestas, não importa se têm consciência disso ou não.

As treinadas no fascismo e partidárias de ideias de direita são desonestas que sabem que o são.

O respeitado Jornalista (“J” maiúsculo), num artigo objetivo, dá exemplos de duas pessoas ligadas entre si pelo fascismo. Gilmar Mendes, modelo gritante de desonestidade e de imoralidade, e William Bonner, notório desonesto encarregado de abrir as torneiras do Jornal Nacional por onde Gilmar, os Marinho, Bolsonaro e outros navegantes da mesma cloaca, turistas dos mesmos vales mórbidos e funcionários das mesmas fábricas de fascismo, despejam mentiras e as sementes da guerra destruidora de trabalhadores/as, negros/as, indígenas, pobres e de mulheres.

Posto o artigo aqui abaixo e o recomendo.

  • Abraços críticos e fraternos na luta pela justiça e pela paz sociais.
  • Dom Orvandil, OSF: bispo cabano, farrapo e republicano, presidente da Ibrapaz, bispo da Diocese Brasil Central e professor universitário, trabalhando duro sem explorar ninguém.

O telefonema de Bonner para Gilmar. Por Paulo Nogueira

Desde cedo sem noção: Bonner

“Vou dar um exemplo que me chocou. Fui a uma reunião de pauta do Jornal Nacional, e o William Bonner liga para o Gilmar Mendes, no celular, e pergunta. ‘Vai decidir alguma coisa de importante hoje? Mando ou não mando o repórter?’. ‘Depende. Se você mandar o repórter, eu decido alguma coisa importante.’”

É um trecho de um livro de um professor da USP, Clóvis de Barros Filho. O nome é Devaneios sobre a atualidade do Capital.

Barros fez parte de um grupo de acadêmicos convidados a presenciar, uns anos atrás, uma reunião de pauta do JN. A parte do livro em que ele descreve o diálogo jornalística e juridicamente criminoso narra o que, segundo ele, são as relações espúrias entre braços diversos da plutocracia nacional para a manutenção de mamatas e privilégios de uns poucos.

Candidamente, Barros Filho se declara “chocado”.

Jornalismo à Globo

O que mais me chama a atenção é que Bonner não tenha se dado conta da monstruosidade que estava cometendo na frente de testemunhas.

É uma demonstração do tipo de jornalista que a Globo criou ao longo dos anos.

O pior pecado depois do pecado é a publicação do pecado, escreveu Machado. Bonner cometeu o pecado e o publicou sem pudor.

Note que a missão do JN estabelece que se deve publicar o que de mais relevante aconteceu no dia, no Brasil e no mundo, com isenção.

Isenção, nos Planetas Bonner e Globo, é telefonar para um juiz visceralmente comprometido politicamente e combinar o que será ou não será notícia para milhões de desavisados que, em sua ingenuidade obtusa, acreditam que o Jornal Nacional publica verdades.

Penso em Bonner e lembro de Johnson, presidente americano que não hesitava em chamar subordinados para despachar quando estava na privada. Agia como se estivesse no Salão Oval, ou coisa parecida.

Figurativamente, Bonner estava na privada quando, diante de acadêmicos, ligou para Gilmar para combinar o que seria, ou não, assunto para o Jornal Nacional.

Se o despudor e a falta de noção de Bonner podem surpreender, de Gilmar não se espera nada de decente.

É um juiz vergonhoso. É uma infâmia vestida de toga. É um homem sem caráter que não hesita em levar sua militância política para a corte mais alta do Brasil.

Na linguagem do futebol, Gilmar seria aquele juiz tão canalha que, numa partida, não se contentaria somente em apitar para o seu time. Vibraria, também, a cada gol marcado.

O futebol se livrou de juízes como Gilmar.

Quando o Brasil se livrará, em suas cortes, de militantes políticos que desmoralizam a Justiça e colocam em risco o próprio sentido da democracia e do Estado de Direito?

Gilmar, nestes dias, foi conspirar abertamente pelo golpe em Portugal, junto com seu miquinho amestrado Toffoli.

Ninguém fala nada?

Colegas seus do STF, sabe-se, manifestaram seu agrado. Mas aos sussurros, e não aos berros, como o episódio demandava.

O que bons juízes como Teori e Barroso parecem não perceber é que se omitir diante de Gilmar é dar-lhe força e contribuir para a tenebrosa imagem da Justiça brasileira.

Há muitos anos Gilmar, cria de FHC, deveria ter sofrido impeachment. Que, ainda que com formidável atraso, isso ocorra no futuro próximo, ou teremos a mais boliviana das Justiças do mundo.

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