Sem terras assassinados com seu sangue fertilizam a luta por justiça social

MST perseguido


Querida ex-aluna Viviani Carolina Ferreira da Silva Carvalho, Goiânia, GO

Receber tua solicitação de amizade nas redes sociais me deu a sensação de respirar ares frescos do ventilador ético.

Mesmo pisando entre fofoqueiros, caluniadores e dirigentes injustos faz bem a um professor acolher o aceno de amizade e de carinho de uma ex-aluna, que demonstra grandeza contra a mesquinharia desonrada dos que tramam contra quem ama a educação e os/as educandos/as.

Obrigado!

Neste blog constroem-se denúncias contundentes contra os assassinos da verdade, da justiça e dos/as combatentes. Porém, as denúncias denominadas de proféticas nunca são vozerios cínicos e recalcados, mas são necessariamente irmãs da esperança e das propostas justas.

Na última carta  voltei a um dos algozes mais violentos contra a justiça na terra, o senhor Ronaldo Caiado, criador da famosa e criminosa UDR e integrante do partido de ruralistas e golpistas, o malfadado DEMOCRATAS. Antes já enfrentei o ministro do STF e grileiro ruralista Gilmar Mendes, fartamente denunciado pela CPT e pelo MST como implicado em assassinatos e ocultação de crimes a indígenas e pequenos agricultores.

Agora volto ao horror das mortes dos sem terra no Paraná, promovido pelos golpistas da democracia, que necessariamente precisam ser identificados como assassinos e criminosos.

O noticiário desvenda as mãos dos que apertaram os gatilhos matando, segundo dirigentes do MST, 2 lideranças e ferindo 7.

O movimento dos sem terra afirma por entrevistas e por notas à imprensa que os trabalhadores assassinados e os feridos foram emboscados e atacados pelas costas com poderosas armas usadas pelos pistoleiros da empresa Araupel e pela polícia comanda pelo governador corrupto e golpista, Beto Richa.

Juntam-se às mãos dos assassinos, que enlutam o povo brasileiro, os partidos PMDB, PSDB, PPS, PV e outros, evangélicos e católicos fundamentalistas, que, por omissão ou torcida, colocam suas mãos sobre revólveres, fuzis e metralhadoras de policiais, pagos com o dinheiro público, e dos pistoleiros sanguinários.

Na nota divulgada pelo MST aparecem os nomes dos dois trabalhadores rurais assassinados covardemente: Vilmar Bordim, de 44 anos, e Leomar Bhorbak, de 25 anos. Bordim era casado e pai de três filhos. A mulher de Bhorbak está grávida de nove meses. Ambos eram do Acampamento Dom Tomás Balduíno, localizado em terreno desapropriado pela Justiça Federal, antes pertencente à empresa de celulose Araupel.

A mídia venal de propriedade de 9 famílias poderosas, empenhada em mentir e usar a distorção dos fatos para enganar a população desinformada, não diz que duas mil e quinhentas famílias acamparam em terras desapropriadas pela justiça federal, tirando-as das mãos de grileiros que as roubaram. O governo federal disporá as terras ocupadas pela empresa  Araupel para a reforma agrária.

O derramamento de sangue de trabalhadores rurais de Quedas do Iguaçu não é acidente policial nem casualidade. Os fatos criminosos de matança de trabalhadores/as rurais se ligam entre si e ganham nova força nessa conjuntura de luta na qual a direita, com tanto rancor e descontrole, despeja ameaças contra os combatentes que enfrentam a tentativa de golpe. Aí, sem dúvidas, o movimento dos sem terra é o que mais se destaca em garra e em mobilização organizada.

Gilmar Mauro, dirigente nacional do MST, acentua que “estamos no mês do massacre de Eldorado dos Carajás (a morte, pela Polícia Militar, de 19 sem-terra na cidade do Pará, em 1996) e estão ocorrendo outras ações semelhantes, como o ataque a um acampamento nosso por pistoleiros em Rondônia e o assassinato, esta manhã, de um sem-terra na Paraíba.”

Portanto, nada acontece de modo isolado nem pontual. Tudo se articula.

Todavia, vale assinalar que assim como a direita sanguinária, assassina e impune se junta e se articula para matar, o povo se une cada vez mais e se prepara para varrer do mapa as fontes que alimentam a sanha de morte dos que se escondem nas empresas, nas polícias e nos governos, como é o caso da polícia de Beto Richa, do Paraná, que já bateu em e feriu professores/as.

Os assassinos tentam sufocar a luta contra o golpe e a justiça social, derramando o sangue de alguns de nossos irmãos e irmãs mártires, mas sem sucesso.

Do sangue dos mártires combatentes da justiça social e de uma sociedade menos injusta nascerão oceanos de energia que moverão poderosas usinas que iluminarão o mundo novo e justo possível.

Abaixo posto a nota do MST.

  • Abraços críticos e fraternos na luta pela justiça e pela paz sociais.
  • Dom Orvandil, OSF: bispo cabano, farrapo e republicano, presidente da Ibrapaz, bispo da Diocese Brasil Central e professor universitário, trabalhando duro sem explorar ninguém.

 


 

Conflito em Quedas do Iguaçu-PR

  • Mais uma vez explode o conflito em torno da Reforma Agrária no município de Quedas do Iguaçu, no momento em que conluiados os pistoleiros da Araupel e a PM do Paraná, atacaram frontalmente um grupo de sem terras, sem ao menos conversar, numa estrada da área grilada pela Araupel, com decisão judicial de nulidade dos títulos de propriedade;
  • Uma semana antes o atual secretário da casa civil e deputado federal, Valdir Rossoni, passou por Quedas do Iguaçu e comprometeu-se com a Araupel que reprimiria os sem terras até tirá-los da área grilada. Já há algumas semanas a PM faz bloqueio ostensivos, faz ameaças de todo o tipo aos trabalhadores assentados e acampados, humilhando e provocando nas abordagens realizadas nas estradas da região;
  • Os “recados” de ameaças de prisão e de morte contra os dirigentes e militantes chegaram incisivamente. Rossoni insuflou a PM que sentiu-se livre, inclusive para matar;
  • Rossoni quer ser Senador nas próximas eleições e já teria feito acerto de apoio econômico com a Araupel, que já lhe apoio com doação de dinheiro na campanha para deputado, e em troca do novo apoio reprimiria e despejaria os sem terras;
  • A única forma possível de resolver o conflito é punir os mandantes dos assassinatos e os assassinos, e o governo federal fazer a reforma agrária nesse latifúndio assassino, grileiro, e que a justiça já deu nulidade dos falsos títulos;
  • A Secretaria de Segurança Pública emitiu nota totalmente mentirosa, afirmando que os sem terras armaram emboscada para a polícia. Tal afirmação se desmente pelo resultado do massacre, onde dois trabalhadores sem terras foram assassinados e vários feridos, o que comprova a versão inversa dos fatos, a de que os sem terras é foram vítimas de emboscada.

Maldito o soldado que vira o fuzil contra o seu povo! (Bolívar)

  • Justiça e reforma agrária já!
  • Direção Regional do MST – Região Centro do Paraná
  • Laranjeiras do Sul, 07 de abril de 2016

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